03 agosto 2008

Bicicleta é bicicleta

Quem já teve problema para embarcar a bicicleta no ônibus levanta a mão! (- eeeeuuu)

Esse problema acontece principalmente porque há uma confusão se bicicleta é bicicleta, bagagem ou encomenda. Para algumas lojas de departamento bicicleta é brinquedo. Para a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) bicicleta é veículo (mas só paga pedágio se tiver motor) e deve ser transportada na categoria de eletrodomésticos e instrumentos musicais.

Nota Técnica: comentário que escuto enquanto escrevo: oras, se bicicleta = eletrodosmético, se bicicleta + motor = pedágio, então eletrodoméstico + motor = pedágio. Meu liquidificador paga pedágio?

Mas uma coisa não dá para negar. Bicicleta é bicicleta. Não é mesmo? (- siiimm professor!)

O blogão aqui vai mostrar as ações do autor (eu) para melhorar o acesso de bicicleta aos bagageiros de ônibus. Vou procurar medir como está a situação dos embarques hoje e ver em que medida avançamos.

Na prática hoje o acesso das bicicletas aos bagageiros de ônibus existe, é comum. Mas então por que fazer um blog para conseguir isso? Pois o acesso ao bagageiro embora seja corrente, é jurídica e operacionalmente desconfortável para ciclistas e para as empresas de viação.

Segundo o que se interpreta da legislação, bicicleta é encomenda. Por tanto deveria ser despachada como encomenda. Na prática é bagagem, pois é embarcada na hora do embarque como bagagem.

Em minha opinião, bicicleta não é bagagem nem encomenda. Bicicleta é bicicleta e precisa ter legislação especifica.


Por que bicicleta não é encomenda?
Despachar como encomenda exige mais dinheiro, tempo, passos burocráticos.

Três elementos que precisam ser minimizados em uma viagem. Em uma das empresas que consultei para despachar a encomenda, a pessoa que deveria retirar deveria ser diferente da pessoa que enviou. Logo, seria necessária mais uma pessoa disposta a fazer o favor despachar ou de retirar a encomenda no local de destino. E não esqueça da caixa de papelão. Segundo as centrais de atendimento ao consumidor das empresas de transporte ela é necessária. Uma caixa de papelão, salvo se puder ser convertida em vela para aproveitar o vento e auxiliar o cicloturista em sua longa jornada, é um empecilho. Mas vamos falar da vida real da prática cicloturística: bicicleta é bagagem.

Bicicleta é bagagem?
Conversei com ciclistas habituados a levar bicicletas em ônibus em suas viagens. Levar a bicicleta no ônibus é uma arte, uma magia, uma ciência. Acho que as melhores práticas de levar essa bagagem no ônibus exige conhecimento, coragem e conversa.

Conhecimento: antes de pegar a bicicleta e aparecer na rodoviária, é preciso saber onde está pisando: pode levar bicicleta? Junte uma série de indicadores para aumentar a chance de acerto quando estiver na cara do gol: o embarque da bagagem. Gosto de começar pelo 0800 e chat on-line para que minha dúvida fique registrada nos sistemas. Mas eu já sei o que vão me dizer. A resposta normalmente é 'sim' mas tem que ter a tal caixa de papelão. A caixa de papelão habitualmente é o limite desses canais, que fornecem um outro telefone para que se tire mais dúvidas (garagem, embarque, etc). Nessas fontes as respostas já vem um pouco mais próxima a realidade e já permite prever quantos narizes torcidos serão vistos na plataforma de embarque. Outras fontes importantes são os amigos ciclistas, sites e comunidades do orkut. Às vezes a bicicleta vai sem taxa, montada e toda suja de estrada e trilha no terceiro bagageiro. Às vezes plástico bolha resolve, às vezes nota fiscal, declaração de valor. Às vezes nem policia, nem procon resolve. A legislação não é adequada. Portanto...

Coragem! Não desista. Você está abrindo um espaço para você e para os outros ciclistas que virão depois. Mesmo sabendo que pode encontrar um motorista de mau humor e enfrentar resistência e até mesmo um não, tenha preparada uma boa...

Conversa: na plataforma de embarque, vá carregado de humildade e simpatia para dar brilho as suas argumentações em caso de cara feia. Guarde argumentações para quando forem necessárias. Puxe conversa com o pessoal da plataforma de embarque para ver com que freqüência o pessoal embarca bicicleta e se já houve problemas. Agradeça ao pessoal do embarque e aproveite para marcar presença com o pessoal do desembarque. Você estará construindo uma ciclovia de relacionamento para outros ciclistas.

O risco, a dificuldade do embarque e a superação são de certa forma parte da emoção das histórias de viagem. A conquista de um bagageiro em uma empresa reconhecidamente não receptiva pode dar boas fotos troféus em um blog.

No entanto, é um mau ajuste legal e operacional que se soma a diversas outra formas de problemas de acesso que o ciclista encontra. E também é um risco que pode tomar o tempo. E também tomar a oportunidade de outras emoções e histórias de uma viagem de bicicleta.

Penso que é ruim permanecer com esse mau ajuste e desconforto.

O razoável seria não ser necessária a coragem, o conhecimento e a conversa para embarcar bicicleta.

O bom seria que bicicleta fosse tratada como bicicleta, com direito a espaço e acondicionamento adequado em bagageiro e nas regras da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).

O ideal seria que as empresas de viação tomasse posição ativa no sentido de se adequarem ao transporte de bicicleta por essas representarem um meio não poluente e saudável de locomoção. E por representarem tráfego turístico, bom para os negócios ($!).

Bicicleta é bicicleta!

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